vivo numa cadeia em dor
sem me deixar sair
temo saber para onde ir
Só conheço esta prisão
Onde aprendo a não viver
As algemas não me cegam
Sei o que busco
Sinto-me quieto em dança,
Em mim aprisionado
A viver da sobrevivência!
vivo numa cadeia em dor
sem me deixar sair
temo saber para onde ir
Só conheço esta prisão
Onde aprendo a não viver
As algemas não me cegam
Sei o que busco
Sinto-me quieto em dança,
Em mim aprisionado
A viver da sobrevivência!
Hoje falo-te da poesia do mundo. Nem tudo é belo quando se olha de perto e tudo é mais singelo quando o olhar é distante. Os sonhos não se perdem mas evaporam para mais tarde chover no nosso sorriso e quem pensar muito nisso, de certeza perde o siso! O juízo é sobrevalorizado e a honra, essa ama-se de menos. Os homens são todos iguais e elas, elas estão pior que eles. O mundo é um espaço aberto que todos nos querem fechar, com as suas ideias, com os seus sonhos evaporados, com as suas manias e feitios toldados pelos dias duros. Todos buscamos paz interior, evolução pessoal e um amor verdadeiro. Todos sonhamos, todos dormimos, mas nem todos acordamos do sono que nos consome. Os dias são regra geral passados com horas vãs em frente a um espelho de vaidades e sempre que dizemos mentiras, ocultamos as mais puras verdades. Nem todos sabemos ouvir e poucos sabem falar. O futuro é um lugar incerto no qual caminhamos diariamente e o passado é um lugar que não nos sai da cabeça. Aquele que oculta, o que mente, esse está sempre no topo, mas no fundo de si próprio. O que vive pela verdade e aceita da natureza o que ela lhe propicia, seja acaso, destino ou ideia vã de outro feitio, vive mais, de cada um dos dias que vive caminho á morte, vive mais! Aqueles que se preocupam em viver, regra geral morrem cedo por desperdiçarem a maior parte do tempo de vida que têm. Os apaixonados são sempre mais felizes e toda a gente zomba deles por inveja e ciúme. Todos querem sentir-se alheados, mas só uns felizardos conseguem levar assim uma vida inteira. Não existem lugares perfeitos assim como não há companhias perfeitas. Tudo o que há são momentos que ás vezes se prolongam por horas e até dias (há quem diga). A fantasia dos dias está no nosso olhar e cabe-nos a nós sermos francos com o que ele nos dita. Olhar o mar é sempre profundo. Descer um rio é sempre irónico. Ter momentos de nostalgia com pessoas que conhecemos á horas será sempre motivo de esperança pelo futuro. E não ter assunto com alguém que nos é próximo é só sinal de trivialidade. A noite nem sempre é escura e a madrugada quase nunca trás consigo o despertar. O copo é sempre um copo, independentemente se está vazio ou cheio, é sempre uma prisão que nos impede de ver tudo o que há de líquido por aí. Jantar sozinho é sempre monótono e ter gatos é sempre sinónimo de animação. Os cães são excelentes ouvintes. Dizer que amamos alguém é sempre um momento especial, mesmo quando quase ninguém sabe o que é amor, ou o que ele devia representar. Fazer sexo é a melhor coisa do mundo e não é por acaso que a natureza procria. Ter filhos deve ser espantoso… Uma sobrinha é porreiro, porque não acarreta a parte chata da educação, só contempla os momentos divertidos. Gostava de ter 17 anos de novo e saber o que sei hoje, gastava muito menos tempo a preocupar-me com coisas absurdas. A adolescência é um período de alta tensão, tudo se prova e quer-se provar de tudo! A escola é um lugar chato onde conheci grande parte das pessoas que moldaram o meu destino e o modo como vejo as coisas. Já ninguém agradece como se agradecia antes. É um privilégio pensar e ninguém pensa nisso dessa maneira! Dormir é um momento fantástico onde podemos deitar-nos a sonhar que amanha o dia pode mudar a nossa vida para sempre!
Fechei os olhos e vi que na madrugada da vida, espaço não abunda para que o espanto chegue!
Ficamos presos no pensamento, iludidos pelos momentos de magia e cegos pelo respingar da esperança no coração farto de sacrifícios.
As horas navegam por um mar de choro que se derrama por só se amar o que se deseja e se amar intensamente, quase como se nada mais importasse.
Mas o que importa afinal na madrugada da vida? O que se espera e anseia senão tudo?
Mas pouco importa, o conjunto expressa que o indivíduo se faça á pressa, sem promessa que se faça bem!
Os clarões advinham um futuro próximo, distante do que se quer ser, mas a obrigação que o conjunto expressa depressa nos demove de pensar por nós!
Temos de fazer parte, temos de ser um continuar de algo finito e imoral, não podemos baixar as defesas e ultrapassar as fronteiras.
Mantém-te, mantém-te filho “e consolida”, não o dizia já o branco? Como é que a ausência de cor é a paleta de todas as cores, a paleta onde se tornam nítidas e mesmo assim ninguém as entende?!
São as cidades, as cidades que em redor de nós erguemos que não nos permitem sequer ver o vizinho ou invejar o seu quintal. Não conhecemos senão a ideia que os outros fazem de nós e isso parece no fundo bastar, qualquer coisa, no fundo parece bastar!
Mas eu fechei os olhos e vi, nessa madrugada de vida eu vi o espaço onde o inferno chega, o inferno do aborrecimento por não nos espantarmos com a novidade que chega, sabe-se lá bem como ou de onde!
Estava aqui a pensar no novo mundo,
Um mundo sem fundo e dor,
Um mundo todo de cor,
Recheado de paz e amor.
Eis senão quando, me picou um mosquito,
Ele estava aflito, a carecer de sangue,
A carecer de tudo, principalmente do sangue,
O sangue que em mim fluía, pleno de amor por ti.
Por isso mesmo, e como o amor que por ti tenho
Chega para dar e vender, deixei-o sorver,
Sorver, sorver, sorver, até inchar,
Quase ao ponto de explodir!
Ele aproveitou, muito do meu sangue levou,
Sangue doce, apaixonado,
Só por ti enamorado, extremoso, exacerbado…
Voou de mim, ás cambalhotas,
Todo em reviravoltas e rectas todas elas tortas
Até que na parede pousou.
Com uma das patas, tudo o que na viagem suou, limpou.
Ficou ali, na parede branca, um ponto vermelho de sangue, rosado…
Pouco depois caiu, com tanto amor e paixão
Não aguentou o sangue pesado!
Caiu no chão, e como nunca antes vi,
Bem no chão de um qualquer quarto,
Um mosquito dormiu bem descansado!
Onde vão as horas, onde vão.
Onde vão as horas onde dizes chorar.
Onde vão, onde vão em vão?
São só horas,
Não importa onde,
Pouco importam!
Mas são horas que se contam,
Horas em vão que se choram,
Horas que passam e importam!
Não são não,
São só tempo,
Tempo que não pára!
Mas e os dias, os segundos e as horas?
Como os contas então?
Todo esse tempo teu, como o passas então?
Não a contar,
Ou a chorar,
Nunca a contar!
Iludes-te, em todo o tempo te iludes
E pensas que me confundes,
Que me fazes perder tempo sem contar!
Conta,
Tudo o que tens a contar,
Chora!
Mas como é que conto sem ti,
Do meu lado a bater,
A batida que sinto chorar?
Não choro,
Não te iludas,
Só bato…
Sinto o pulsar do bater
O rosto, eu o sinto, tremer!
Bate, toda a hora, bate, vá!
Bato,
O coração,
Bato.
O coração do meu coração,
Será que ele me conta a mim?
Assim, como te conto a ti?
Conta,
O teu coração
Não me contes a mim!
Triste, coçado de tanto usar,
Sinto o coração cansado
De tanto me ter de contar!
Chora,
Chora-te só a ti,
Não contes e chora,
Chora o que choraste de mim!
Choro,
Nesta hora,
Choro!