quarta-feira, 28 de março de 2012

Atão? Já Comesteis?


Existe um segredo no mundo. Um segredo tão bem guardado, não por estar guardado, ou preso ou qualquer outra coisa, mas simplesmente porque é um segredo que escondemos de nós próprios. Um segredo tão bem perdido no nosso fundo, que mesmo nós, para nos defendermos de o desmascarar nos guardamos e impedimos de o aceder.
Mas mesmo assim, existem alguns que se esquecem, alguns que se lembram de não  lembrar que o segredo deve permanecer segredo.
Mas e qual é o segredo, perguntam vocês? É segredo...

...

Atravessei um estranho corredor, estava prestes a desmanchar-me em cinzas e do nada veio uma baforada de orvalho.  Fiquei com o corpo dormente, com o corpo a latejar e com o corpo como se fosse um corpo, ou seja, um corpo a sentir o que se sente sentindo. Sentindo o sentir-se de ser, o sentir-se o sentido bater na face e saber que sentido faz esse tão próprio sentido de se sentir. Estava prestes a transformar-me em cinzas, uma vez mais e percebi, o meu segredo é grande demais para ser só o meu segredo.

...




Hoje!


Ouve qualquer coisa no repente do de repente que me esmagou, foi quase como um sorriso que me engoliu...
Teve aquele momento da falha aqui, bem no fundo, no fundo do poço profundo que guardo.
Mas e depois? O que aconteceu depois? O que surgiu do depois, quem fomos nós, o que vimos e sentimos? Quem amamos, com quem sorrimos, como o dissemos e sentimos?
Estive dez dias, dez, á porta de quem julgava conhecer. As horas foram-se transformando em dias e os dias em séculos e os séculos em tempo que se transformou depois em existência e matéria e tudo...
Passou todo esse tempo e eu sentado á porta de quem julgava conhecer.
Nunca, nem por um momento me lembrei de tocar á campainha, ou em desespero bater na porta...
Fiquei sozinho, na porta de quem julgava conhecer sem ter o sangue frio suficiente para pedir entrada, auxilio, ajuda!
Agora não há agora e eu não sou eu, sou outro que está noutra porta a perceber se tem coragem, a ver se tem energia para pelo menos desta vez espreitar uma janela, pequena, grande, ou... pouco importa...

sexta-feira, 16 de março de 2012

A Pedra Dura que Fura!

É a pedra dura que fura homem, é a pedra!

É a fúria da dura pedra que urra, é ela homem!

Não é a censura que a adormece, não é !

Não é o uso que a empobrece, bem vês!

É a pedra dura que muda homem, é a pedra!

É a luxúria até na ternura que sussurra, é ela homem!

Não é a liberdade que a acorda, não é!

Não é a democracia que a enaltece, bem vês!

Nunca é bem a hora, não é homem?

Nunca chega bem o momento, não é homem?

Estamos sempre a ir por onde viemos, não sentes?

Estamos sempre a meio caminho, não sentes?

Nunca somos água na pedra homem!

Nunca furamos a merda homem!

Estamos sempre no conforto de nos incomodar-mos!

Estamos sempre no lugar de tentar ser!

E lá fora, onde nasce a pedra, lá onde o homem erra,

O que fica homem? De quem fica homem?

Quem grita no longe homem? Quem morre?

Quem lá fora, onde a pedra mora, morre por ti homem?

São tambores de rocha, martelados por forte granito,

Pedra em pedra a ressoar, a chamar e clamar por mãos!

Mãos que lancem as pedras do chão!

Somos nós homens, somos nós!

O futuro está cansado de ser passado a lutar por um justo presente!

Somos nós homens, somos nós! Somos nós a nossa voz!

Somos homens? Ou futuros avós de outros como nós?

Tenazes, capazes, mas sempre impotentes de si próprios?

É a pedra dura homem! A dura pedra que muda!

É a fúria da pedra dura homem, a pedra que cura a loucura!

Não é a promessa de um vão futuro!

Não é nada que tenhamos já visto, ou pensado, ou vivido!

É o futuro Homem!

Usa a mão...

Lança o teu!

É o futuro, homem!