sábado, 27 de agosto de 2016

Resposta

Os dias passam em cinza
Da memória só um rumor que se esvai
Porventura o tempo volte
Longas foram as horas do corpo em câmara ardente
A sede vem num torpor que não se esgota
O tempo não aplacará a dor
Mas esta murmura só, gentilmente
Agora é um fogo que arde brandamente
Paciente o homem regenera-se
Insufla o peito do fumo do cigarro e vai
A parte interior do pé dói-lhe da chaga em ferida pustulenta
Mas a dor sussurra só, muito branda
A jornada da madrugada exangue ainda o dilacera
Ainda tem o corpo macerado
Os músculos doloridos,
É ao que parece um desperdício humano
Mas agora pulsa
Os abatimentos feneceram
Vive agora do mastigar de cada hora
Paciente, em entrega
Chega a casa e abre a porta da melancolia
Foi por demasiado tempo companheira
Mas é tudo tão ligeiro no momento que sopra
Tamanha é a calma agora que se estranha
A memória é só visita de segundos perenes
É só um decalque translúcido
É um ápice de sombra que se desintegra
O corpo, apesar de agastado, descansa

E homem, apesar de no ultimo reduto, riposta