quinta-feira, 31 de outubro de 2013

Despedidas.

Tantos Anos Tantos
Embebida em prantos,
Gemendo só,
Em cantos.
E chovem clarões,
Trovejam sonoras monções
E eu...
Eu já não me visto de emoções! 
Deixo-me só estar parada,
Aqui, onde não me tocam, nada.
O ser sozinha é a minha morada!
E habito-me de esgares,
Rasgos de me ser sem mim!
Presa por mim na vontade,
Com medo de a não ter no fim!
Sou o que dizem de mim,
Sou o que fazem por mim,
Sou quem fui.
E no fim?
 Que serei eu? 
 No fim,
Quando a luz se apagar
E, gentilmente, a solidão me afagar,
Além de mim, nada,
Nada que meu olhar já não traga!


quarta-feira, 30 de outubro de 2013

Existe!

Existe, ou parece que existe, ou persiste e insiste ou resiste, um mal estar, um não estado do ser-se, mesmo que pareça por vezes imaginação, uma espécie de sonho adulterado, real mas completamente imaginado e ilusório, mas real! Incauto o que pensar que não é real, descuidado até! É real, toda a gente sabe que é real, mas não deixa que seja, quando é quase real, desiste, deixa estar, põe na beira do prato e não come.
E o sol põe-se e nasce, a lua mostra-se e esconde-se e parece tudo normal, mas não é. Parece tudo tão irreal, mas não é. Parece um sonho e é só um sono, tetraplégico, vegetativo, repetidamente angustiante, entorpecente e sedativo. Acordamos de um sono para vivermos num sonho que adornamos diariamente para que nos pareça menos tenebroso o leito de sono, o leito onde nos deitamos inanimados, para acordarmos amnésicos, distantes da memória do que praticamos em sonhos, vitimas das deambulações abjectas do nosso imaginário que nos entorpece de dia para dia por de dia para dia sermos atulhados com mais lixo, mais barbitúricos de toda a espécie e género, mais relaxantes e estabilizadores e anti’s aquilo e isto e nós, nós a acordar cedo e a ir trabalhar e a ir almoçar e a ir jantar para ir dormir para ir trabalhar, para ir ganhar mais salvos condutos para as pequenas perversões que se vão ancorando a nós, que se vão instalando, programando e reprogramando, digitalizando e mecanizando um processo que levamos como uma espécie de sina dogmática, tétrica e sem sentido.
E ainda assim tempos tempo para sentir pena de coisas que estão a léguas de nós e tempo para virar a cara á miséria mesmo ao nosso lado e tempo para nos indignar-mos medianamente, não vá o incerto corroer-nos o plano doentio de ter um futuro a curto médio prazo mais ou menos planeado, com passos e decisões e tomadas de posição mais ou menos esclarecidas alicerçadas numa consciência mais ou menos tranquila, acerca de uma vida que queremos, mais, ou menos vivida!
E eu seria um louco em não incluir-me nesse processo, eu estaria insano se pensasse outra coisa, eu seria estúpido se não aproveitasse a chance, como todos os outros, para criar uma plataforma, mais ou menos segura, mais ou menos coesa, mais ou menos eficaz, para me proteger dos meus mais rebuscados medos, sobre as mais rebuscadas situações que projetei sobre os eventuais resultados das minhas possíveis decisões em determinados momentos, acredito eu, para me sentir seguro no meu percurso vital, essenciais da minha vida!
E ainda assim, nada muda, nada acontece, nada se transforma e o vazio preenche-me.
E fico aqui, no vazio que me enche por dentro, a tentar ter do que me encha. A fartar-me do que não tenho, por não esventrar o vazio que me esconde de tudo.
Fosse um dia eu,
achar  calma,
Soturna e ébria
alma encontraria.

Soturna de ripostar
A calmaria,
Ébria de se juntar
Á maioria.

Mas no mais,
Do menos que aqui disse,
Peço só que se atente na burrice

De a calma ser para mim tolice.