sexta-feira, 16 de maio de 2014

Ninguém

Das portas que Abril abriu
Pouca gente sabe, ou viu.
Foi como uma miragem
Tudo a admirar a paisagem
Da mais bela viagem
Da ditadura ao desgoverno
Gado em extensa pastagem
Fado de Inferno a Inferno.

E

Agora que é Maio e orvalha
Agora que há medo e navalha
Hoje que há tanto sem nada
Amanhã, qual será a golpada!
Ai Deus me acuda, me abençoe
Me dê refúgio ajuda e paz
Que a mim tanto se me perdoe
Só por querer bem quem me apraz

E

Sou novo insolente
Na cabeça torrente
Tantas vezes dormente
Vivo em constante incidente
Com um medo latente,
Numa escassez permanente
Presente e futuramente.

Sou do passado e do novo
Trago comigo os meus passos
Ando por mar e por terra
Ar espaço quimeras,
Circunavego esferas
Luto com  as feras
Mas não me confundo em esperas
E é sempre, quando caminho,
Que sinto, não ando sozinho!
Sou dum Continente Ocidente
De onde tento ser dissidente
Só por achar incoerente
Ser chamado de diferente!
Ser-me-ia tão indiferente
Ser são, ou doente,
Ai fosse eu desobediente

Mas pouco, evidente!