sábado, 26 de setembro de 2015

#31


Corpo aberto
Como irritante ferida
Sem sarar!

Uma certa letargia
Advinha uma vontade vã.
Sentir por escrito
O  lamento por caracteres,
Como que saída da prisão
Mas nada, nada de nada me saia !

Devolve o mar,
Devolve maresia de manhã
Devolve o corpo,
Devolve  vontade,  

Sonho.

terça-feira, 22 de setembro de 2015

Sanguessugas

De  tempos a tempos
Nos tempos que temos,
Momentos surgem
Em que gentes rugem!

E mais fortes que os ventos
Em lugares poeirentos
Surgem sedentos
Monumentais portentos
Que por tempos e tempos
Nos deixam cinzentos.

E de tempos a tempos
Mares dentro nos vemos
Nas vagas que urgem,
A alguns que se insurgem!

E de fracos alentos
Por cá ficam os tentos
Imortais desalentos
Cárceres de lamentos
Que sinal dos tempos,

Nos sugam mil momentos.

terça-feira, 15 de setembro de 2015

Enfim

Percorrer o teu corpo com doçura
Era como descer a ladeira da loucura
E sem encontrar cura adoecer de ternura.
 mas,
No corpo derramo agora vazio
E um frio que me gela no estio
E um torpe esgar de baldio.
 mas,
Terminou e fui fim.
Começou e fui fim.

E foi como foi e fim.

Corpo além muro.

Um corpo calado no medo
Cuspido num sopro pró mundo
Imundo desnudo e sisudo
Trespassa-se e esvai-se caindo

E não termina o torvelinho
E não cessa o burburinho
E tudo é devastador
E sem brilho, incolor!

E perdido procuro no escuro
Por novas além deste muro
E nada encontro, nada além...

Nada .

Graça Real

Palavras que vãs lavras em teus lábios
Soltam-se das algibeiras em torrentes.
Esquecidos ficam meus abraços,
Como parábolas de um velho só.

Rompem-se em pedaços,  pecados meus,
Soltam-se amarguras em tuas curas.
E por mais que sonhe, não durmo!

E só queria sorrir no corpo nu
Despertar e ser em graça
Mas sou garça, sou ave vespertina
E sem rumo, sem tino!

E hoje vou...

sexta-feira, 11 de setembro de 2015

Legislativas

Um percalço,
Um pequeno lapso
 no tempo,
Um compasso no colapso do espaço.
Um compasso no passo do medo.

De sempre se notaram olhares,
De sempre se escutaram rumores.
De sempre e para sempre se assustaram temores.

Mas não somos nós,
 dizem uns,
São os outros,
 dizem outros.

Haverá sempre o que dizer
Enquanto nos calarmos de medo