terça-feira, 8 de março de 2011

Carrego nas minhas costas e sob o jugo de algo superior a mim,
A sede que me reduz o corpo a um cansaço mórbido.
Tento mexer um membro, mas há outro que desfalece em seguida.
Tento mover o corpo e logo o crânio, com todo o seu peso,
Se abate sobre o meu peito.
Pareço não conseguir, livrar-me do peso,
Todo aquele peso que carrego nas costas.

Passo após passo, o peso faz-me sulcar na lama rudes impressões,
Que são somente o passado a perseguir-me!
Cada pé, que no instante da passada se livra do peso e da sede,
Rejubila por poder respirar ar fresco e sobretudo por poder ver o futuro aproximar-se.
Cada passo é um instante no tempo, mas para as botas enlameadas,
Os pés enrugados e encharcados, para as unhas encarquilhadas e gastas de caminhar,
Esse instante é um imenso tempo, um tempo de alívio.

As costas é que não, elas não se livram do peso, elas não descansam,
Para elas, todo o instante é moroso e eterno, para as costas não há pausa!
Sempre ali, vergadas ás toneladas que carregam, curvadas aos anos que transportam.
Nas minhas costas eu trago aquilo de que não me largo, um fardo pesado,
De passado ao futuro, no presente passado!

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