segunda-feira, 14 de março de 2011

Um grande sopro para dentro, um suspiro
Sinto a batida no pulso, sempre a pedir mais
Mais um suspiro
Uma enorme arrancada para o vazio
Passos após passos, velozmente mas não em corrida
O pulso mais forte
E mais um suspiro
O caminho na direcção do nada, o caminho
Um passo mais vigoroso e um fechar de olhos
Uma lágrima, pequena e sem suspiros
Cai velozmente pelo rosto, uma pequena lágrima
Lágrima elixir de cura
Lágrima de descompostura de seja o que for
Passos e mais passos, mais velozes ainda, não em corrida
Passos e passos e passos e mais passos, passos para o nada onde não há lágrima
Não há lágrima e não há suspiro,
Suspiro…
Grande sopro de ar para fora
O corpo desmancha-se,
A alma, o espírito, o sangue, o fora e o dentro acompanham-no
Tudo se desmancha menos o choro
O choro compõe-se, em melodias e rugidos
Em sons fortes e graves e leves e doces
O choro lava, purifica e limpa
O choro
Suspira-se mais no choro, mas não se dá conta
O choro é um suspiro, mas ele não se dá conta
São incontáveis as lágrimas, deixaram de o ser
São agora um caudal que flui, que segue das órbitas
Ao precipitar pelo chão, ao escorrer pela face ao bater no colo
São um mar de lágrimas, tudo num suspiro
Depois de limpo tudo se reconstrói tudo volta a ser alguma coisa
Os pulmões voltam a contorcer-se, mais um sopro enorme vem aí
Só se respira aqui, só isso se mantém constante, respirar-se.

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